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sábado, 12 de junho de 2010

Olá Amigos

Este blog ainda está sendo construído.
Assim que achar a forma correta ele será devidamente divulgado.
Ao contrário de outros blogs este não será dinâmico.
Será onde colocarei meus artigos, crônicas e contos já publicados no blog do EDWARD E SEUS AMIGOS -
http://artigosedwardsouza.blogspot.com/.
Um espaço para minhas pinturas e desenhos e outros “quetais”.
Agradeço os comentários críticos e deixo aqui registrado um pensamento de
Elbert Hubbard: “Para evitar as críticas, não faça nada, não diga nada, não seja nada”.Um abraço a todos.

Paz. Muita Paz.

J. Morgado
Vendedora de Acarajé- óleo sobre téla

O ANEL QUE NÃO TE DEI

Um quarteirão daquela rua de terra batida em um bairro da periferia da grande capital virou uma via-sacra. Adolescentes a partir dos 14 aos 16 anos, circulavam com insistência defronte aquela casa amarela com grandes janelas.

Dias antes, aquela moradia havia recebido novos moradores. Entre eles, uma jovem morena de cabelos longos, corpo escultural, linda... Os rapazes ansiavam por um olhar, um gesto e até mesmo uma palavra daquela garota. Seria a glória!

Mas nada disso acontecia. A menina-moça era avistada apenas quando sentada na varanda lendo ou bordando.

Início da década de 1950. Tempos em que para se conquistar uma garota havia todo um ritual.

Olhares que se cruzavam, um sorriso, um cumprimento... Tudo isso se chamava “tirar linha”. Às vezes, um bilhete. Um encontro na missa dos domingos, na padaria... Finalmente, a primeira troca de palavras. Palavras sem graça. Bom dia, boa tarde, boa noite. Como vai... E outras ditas com timidez. Finalmente a pergunta crucial! Como você se chama?

No caso que estou narrando, a menina-moça chamava-se Gabriela, tinha 15 anos e tinha um irmão mais velho. Um latagão enorme e cenho feroz.

O rapaz candidato a namorado, e que conseguira se aproximar da linda garota chamava-se Vicente. O acaso os juntou na quitanda do bairro. Um olhar profundo e, finalmente, o rapaz venceu a indecisão e cumprimentou a moça. Ela respondeu com um sorriso faceiro.

Daí em diante, ela ficava esperando no portão todas as manhãs quando por ali passava o Vicente, em direção ao trabalho. À noite o encontro fortuito (deveria parecer assim) se repetia.

Finalmente a grande oportunidade! A matinê no cinema do bairro!

Era no cinema que começavam a maioria dos namoros. Outros locais eram na igreja e nos bailinhos de fins de semana, por ocasião de aniversários, casamentos, batizados...

Amores fugazes. Primeiras paixões de adolescentes...

No cinema, Vicente conseguiu sentar-se ao lado de Gabriela. O irmão guarda-costas sentara-se em outro local, com sua namorada.

Um roçar no braço da amada, um olhar no escurinho do cinema, palavras sussurradas... As pernas de Vicente tremiam. Um ligeiro roçar de lábios...

O namoro firmara-se com esse encontro. A matinê dos domingos, durante algum tempo, era o palco dos enamorados.

Finalmente o grande dia! Um baile na casa de um vizinho. Todos estavam convidados. Vicente aguardava com ansiedade esse dia.

Com sacrifício, Vicente comprara, à prestação, um anel de ouro 18 quilates, ornado com uma pedra vermelha. Vermelho que simbolizava o ardente amor. Seria o símbolo do amor eterno!

Os dias, as horas pareciam não passar. No baile, a grande oportunidade de abraçar e acarinhar seu primeiro, único e grande amor.

Sábado! Terno azul-marinho, sapatos pretos e lustrosos, camisa impecavelmente branca. No capricho para abraçar e voltear com sua Gabriela.

Durante os dias que antecederam o grande momento, Vicente cantava ou assoviava a todo o instante uma antiga canção popular. “Se essa rua/Se essa rua fosse minha/Eu mandava/Eu mandava ladrilhar/Com pedrinhas/Com pedrinhas de brilhante/Só para ver/Só para ver meu bem passar...”

O anel devidamente embalado dentro de uma caixinha forrada de veludo, estava guardado dentro de um dos bolsos do paletó.

Oito horas da noite. Vicente, eufórico, chegou à casa do aniversariante. Um conjunto improvisado (acordeom, violão e pandeiro) tocava uma valsa. Ninguém ainda se habilitara dar os primeiros passos.

Garotas, rapazes e pessoas mais idosas foram chegando.

Finalmente, o casal anfitrião iniciou o baile.

E foi nesse momento que Gabriela, toda de branco, adentrou a sala. Estava radiante! Os rapazes presentes esbugalharam os olhos cobiçosos.

Vicente, incontinente a ela se dirigiu, cumprimentando-a e a tirando para dançar. Voltearam pela sala, olhos nos olhos sorrindo um para o outro.

Depois das primeiras músicas, enquanto Vicente se ausentara por alguns instantes, um rapaz se aproximou e a convidou para dançar. Gabriela não se fez de rogada, saiu toda faceira. Daí em diante, Vicente não teve mais vez. Ora com um, ora com outro a linda morena rodopiava pela sala, alegre.

Os “amigos da onça” olhavam de soslaio para Vicente, se divertindo com o desespero evidenciado pelo semblante triste do rapaz.

O ciúme atroz atingiu em cheio o adolescente. Um vulcão prestes a explodir!

Não tivera mais vez.

Uma hora depois, arrasado, se retirou. Lágrimas doridas começaram a brotar. O ciúme dera lugar à raiva.

Caminhando pela rua escura, parou defronte a um matagal (muito comum na época) e tirando a caixinha com o anel do bolso a olhou por alguns instantes e, logo em seguida, arremessou-a para o interior daquele verde escurecido pela noite.

sábado, 5 de junho de 2010


O ARTESÃO - ÓLEO S/TELA

sábado, 22 de maio de 2010

QUEIXUMES

Quantas vezes durante nossa existência já teríamos ouvido esse provérbio da cultura chinesa, que acabou se inserindo na sabedoria popular? Quantas pessoas se dão conta do que realmente querem dizer essas poucas palavras? Acredito que não muitas, tendo em vista o número de pessoas que existem neste nosso planeta. Os queixumes são tão vulgares que acabaram fazendo parte da conduta do homem, quando se sente lesado, seja material ou fisicamente. Dói aqui, dói ali, ou me falta isto ou me falta aquilo, ou ainda, porque isso acontece só comigo, e vai por aí a fora. As pessoas se queixam do tempo, das pessoas que a rodeiam e das pessoas que, por motivos vários, são obrigadas a terem contato.


Muitas vezes, aceitamos, como inevitável, aquilo que nos acontece no dia a dia; aí partimos para a reclamação, lamúrias, queixumes, etc. Entretanto, nós, espíritas, sabemos muito bem, ou deveríamos saber, que nós mesmos programamos nossa reencarnação e, como tal, devemos compreender, como ninguém, os problemas que nos cercam quando voltamos para este mundo de expiação e provas.

Isso não quer dizer que sejamos fatalistas, uma palavra que deve ser abolida do dicionário espírita, mas realistas, ou seja, cientes de que aqui estamos para resgatar nossos erros e aprender, cada vez mais.

Devemos nos preocupar com nosso corpo físico sim, pois ele é o templo de nosso espírito. As queixas ficam para aqueles que ainda nada sabem disso, mas que um dia, pelo amor ou pela dor, buscarem ajuda espiritual nas searas espíritas que se espalham pelo mundo, cada vez mais.

As queixas maiores são porque aquele tem mais e eu tenho de menos (vide o Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XVI, item 8). Depois, provavelmente, são as doenças, que poucas pessoas sofrem com estoicismo. A maioria queixa-se constantemente de suas dores, mas se olhasse para seu próximo ou olhasse para trás, veria que há mais sofrimentos no mundo e que ele não está só. Basta assistirem os noticiários na televisão, nas revistas e jornais e verificarem o que acontece na África, na Ásia e aqui mesmo, na América do Sul, como no caso o Haiti, entre outros.

O Livro dos Espíritos, na Questão 258 e seguintes, nos dá a resposta e comprova o que até agora foi escrito. “No estado errante, e antes mesmo de tomar uma nova existência corpórea, o Espírito tem a consciência e a previsão do que lhe vai acontecer durante a vida?

- Ele mesmo escolhe o gênero de provas que deseja sofrer; nisto consiste o seu livre-arbítrio”.

A lição segue com perguntas e respostas, portanto irmão leitor acione seu exemplar do livro que deu origem à Codificação do Espiritismo e busque minorar os queixumes que todos nós estamos acostumados a fazer durante nossa existência; será um passo adiante no progresso que buscamos. Naturalmente, quando se trata de doenças físicas, devemos ir à busca de médicos e outros profissionais de saúde para que, uma vez diagnosticadas as causas, tratá-las convenientemente.

Não poderia deixar de contar aqui uma velha história que também acabou se acoplando na sabedoria popular: um senhor faminto andava pelas ruas, em busca de alimento. Depois de muito caminhar, encontrou uma banana; com satisfação descascou-a e jogou a casca do fruto fora. Logo atrás, outro faminto apanhou a casca e alimentou-se com ela. São raras as pessoas que não conhecem essa historinha, mas ela serve para ilustrar bem o assunto que estamos abordando.

O Capítulo V do Evangelho Segundo o Espiritismo - Bem-Aventurados os Aflitos - logo em seu item 1, diz: Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, porque o reino dos céus é para eles. (São Mateus, capítulo V, v. 4, 6 e 10).

No item 4, Causas Atuais das Aflições -. As vicissitudes da vida são de duas espécies, ou, se assim quer, têm duas fontes bem diferentes que importa distinguir: umas têm sua causa na vida presente, outras fora dela.

Remontando à fonte dos males terrestres, se reconhecerá que muitos são as consequências naturais do caráter e da conduta daqueles que os suportam.

Quantos homens tombam por suas próprias faltas! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição!

Quantas pessoas arruinadas por falta de ordem, de perseverança, por má conduta e por não terem limitado seus desejos!

A lição prossegue e, repetindo o que escrevi acima, tenham à mão, em todos os momentos, o Evangelho Segundo o Espiritismo, além das outras obras que Kardec nos deixou, e, certamente, os queixumes diminuirão, para a felicidade presente e futura.




*J. Morgado é jornalista, pintor de quadros e pescador de verdade. Atualmente esconde-se nas belas praias de Mongaguá, onde curte o pôr-do-sol e a brisa marítima. J. Morgado participa ativamente deste blog, para o qual escreve crônicas, artigos, contos e matérias especiais. Contato com o jornalista: jgarcelan@uol.com.br
O Pescador - pastel sobre papel vergê